Relaciones espaciales como morfogénesis del territorio de la Avenida Brasil, en Río de Janeiro
Autor | Pedro de Moraes |
Cargo | Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil |
1
| | | pp. - | | ©EURE
Relações espaciais como morfogênese
do território da Avenida Brasil,
no Rio de Janeiro
Pedro de Moraes. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil.
| Este artigo aponta um vocabulário conceitual orientado à morfologia dos
espaços estabelecidos entre infraestruturas rodoviárias e território, a partir de uma
análise sobre a Avenida Brasil, no Rio de Janeiro. Em primeiro lugar, descrevem-se o
impacto e o cenário configurados pela rodovia sobre a metrópole da qual faz parte.
Em seguida, realiza-se uma revisão dos parâmetros que conduziram sua formação e
consolidação espaciais, sucedida por uma descrição de seu encaixe e situação territo-
riais, informada por registros cartográficos históricos e contemporâneos. Por último,
propõem-se algumas articulações entre as diferentes camadas que conformam este
sistema, apontando-se a um conjunto de questões, a partir das relações levantadas.
- | morfologia urbana, infraestrutura urbana, metropolização.
| is article refers to a conceptual vocabulary concerning the morphology of the
spaces established between road infrastructures and territory, based on an analysis of Ave-
nida Brasil, in Rio de Janeiro. e first part consists of a description of the highway’s impact
on the metropolitan scenario. Secondly, a review takes place regarding the parameters that
led to its spatial formation and consolidation, followed by a description of its territorial
situation, informed by historical and contemporary cartography. Finally, articulations are
proposed between the different layers that shape the system, pointing to a set of questions
drawn from the findings.
| urban morphology, urban infrastructure, metropolization.
Recebido em 9 de outubro de 2019, aprovado em 5 de maio de 2020.
E-mail: pedro.moraes@fau.ufrj.br
: ./... | -
2©EURE | | | | pp. 1-23
Introdução
A Avenida Brasil, no Rio de Janeiro é um ícone do urbanismo rodoviarista, o qual, a
partir especialmente da década de 1940, incidiu determinantemente sobre as dinâ-
micas de mobilidade, expansão urbana e habitação das principais metrópoles do
país. Na cidade capital nacional até o ano de 1960, a abertura desta via significou a
reverberação de intensos incentivos à indústria de maneira geral, à inserção progres-
siva do automóvel particular como meio de locomoção, de esforços para desafogar
o fluxo de veículos do centro e parte da zona norte e de promover uma integração
com o sistema interurbano de estradas de rodagem. Com base em parâmetros do
urbanismo moderno, buscava-se, na expansão urbana, especialização viária e no
zoneamento funcional, um modelo que pudesse superar uma série de críticas e pro-
blemas identificados às cidades do século .
Construída e inaugurada entre 1939 e 1946, no Estado Novo, governo ditatorial
de Getúlio Vargas, a Avenida Brasil foi implementada inicialmente como um eixo de
aproximadamente 17 km de extensão, na direção norte-sul, sobre margens aterradas
da Baía de Guanabara, a leste, e o tecido dos bairros suburbanos da Leopoldina,1 a
oeste. Em 1961, foi incorporada à antiga Avenida das Bandeiras, que, com 41 km
de comprimento em sentido perpendicular, cortava toda a extensão longitudinal da
cidade, desde as cercanias da Baía até seu limite oeste, no bairro de Santa Cruz. A
via unificada, com mais de 58 km de extensão, atravessa, hoje, 30 bairros das zonas
norte e noroeste da cidade, recebendo diariamente, um fluxo em torno dos 250.000
veículos (Figura 1).
Sua construção e evolução urbana foram preponderantes sobre a ocupação dos
subúrbios e áreas periféricas do Rio de Janeiro, atuando determinantemente sobre
a configuração da região metropolitana. Ao longo de sua extensão, vivem hoje em
torno de 1,5 e 2 milhões de habitantes, número que ultrapassa os 30% da população
do município e 12% da população da metrópole (Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatistica [], 2010).
Encarada estritamente a partir da chave da mobilidade urbana ou de sua impor-
tância logística, esta rodovia carece de maior diálogo e aderência com os territórios
sobre os quais se insere. Marcada por um cenário de informalidade, sobreposições
de usos, escalas e velocidades, engarrafamentos e violência, a Avenida Brasil é vista,
de maneira geral, como locus do caos urbano, do erro, do equívoco, da falta de
projeto e planejamento, pouquíssimo contemplada por políticas públicas e ignorada
enquanto receptáculo de constantes e intensas dinâmicas metropolitanas.
Em um contexto no qual “tudo é fluido e ambíguo, de morfologia cambiante,
sem coerência formal, de difícil interpretação das características e padrões”, torna-
-se “problemática a formulação de um projeto de cidade nos moldes tradicionais”
(Farias-Filho, 2012, p. 224). Este trabalho se coloca, portanto, a partir da hipótese
de que há lógicas subjacentes às relações entre a infraestrutura e o território, cuja
descrição deve situar-se para além de categorias formais, por um lado, de parâmetros
1 Inclui os bairros de Bonsucesso, Manguinhos, Olaria, Penha, Penha Circular, Vila da Penha,
Parada de Lucas, Brás de Pina e Ramos, rota da estrada de ferro Leopoldina.
Para continuar leyendo
Solicita tu prueba
COPYRIGHT TV Trade Media, Inc.
COPYRIGHT GALE, Cengage Learning. All rights reserved.
COPYRIGHT GALE, Cengage Learning. All rights reserved.